Do fim-dar
Há uma delicada e singela aspereza no correr desta tarde, e eu quero vivê-la em toda sua sofreguidão que se estende pra dentro de mim... Não quero mais, nem menos, quero apenas este transcorrer que me enleva e me acende pro inaudito da natureza. Quero apenas me dissolver na branca e carregada nuvem que sobrevoa a minha casa, e me deixar ser levada pra dentro de meus sentimentos pensados e desembrulhados pro mundo... Vou me sentindo ser no tempo e no espaço fugidio, sem querer agarrá-lo ou possuí-lo. Apenas sendo o canto de um pássaro, uma folha que cai, ou o bater das asas de uma borboleta. Não sofro por tudo que se esvai, nem tenho condescendência pela morte que abate. Calo sobre o nunca mais e esqueço a dor e a beleza de tudo que já foi um dia.