sábado, novembro 27, 2010

do Silêncio

Dos amores não amados
o que fica destes desaventurados?

e das dores destes amores
o que fica que ainda sejam flores?

Destes amores que bateram
- e muito forte -
n'algum peito de triste sorte

mas que apodreceram
tal qual em leito de morte
o que lhe trouxe de desagravo?

foram estes os calados
os sufocados
os abortados
e até os suicidados

amores que não puderam amar em ato
nem em carne
amores de sonhos primaveris
de luares e risos

amores do sublime
sim, do sagrado
pois não foram com a carne contaminados

amores bem amados
no silêncio profundo
que com as palavras soluçaram

quarta-feira, novembro 17, 2010

In-certezas

Sonhamos juntos
cada qual em sua razão
tão cega
seus caminhos turvos
passos incertos

Mas o sonho
esse
permanece lúcido
sóbrio
soberano

acima das montanhas
coroa em nossas frontes

Ele - que seria o devaneio -
é então
a única lúcidez

Não sabemos para onde rumamos
nem ao certo
o que será de amanhã

Mas nitidamente temos o sonho -
os nossos desejos
sabemos muito bem
o que sonhamos -
mesmo sem saber o que queremos

sexta-feira, novembro 12, 2010

A pressa...

o que essa pressa faz com a gente, não é mesmo?

nos afoga, nos atola, nos enrola

tudo porque agente quer mais rápido

não sabe esperar

como se fosse uma incerteza absoluta

o que virá

nos apressamos com medo

de perder ou de não ter

arrancando do pé o fruto ainda verde

nesse nosso intangível querer

Montanhas

Novamente me espanto:

saio de campo
vou pro meu canto
solto meu pranto
penso um tanto
faço meu canto

e depois?

depois me levanto!


ex nihilo

Expectativas
que expectoram
as ânsias
diante do que foi inventado -
pura ilusão.

basta um novo olhar
ou um acordar
para descobrir
que aquilo não existe

o que existe
é o que foi criado -
certo ou errado?

novamente o nada
a mostrar que dele
tudo provém...

quinta-feira, novembro 04, 2010

Silêncio

Eu não vou mais gritar

Não vou nem mais falar

Para quer você me ouça

Eu vou me calar

Pass

Caminhos tortos
que me torturam
e me trituram:

traço
um novo
passo
do passado
ao porvir

Devir

Tudo muda:

me emuda

Re-Criando

esquece
embaralha
reordena

mistura
desfaz
condena

estremece
esconde
inventa

e aí aparece
o novo:
eu
e você

Aliviando

É um caso sério
o eterno achar
o intranseunte querer
esse sempre pensar
de que se tem poder

que está certo
que a consciência
pode tudo
que a essência
percebe tudo
que a vidência
decifra tudo

Cuidado!
esse é o caminho obtuso
da loucura

Sentido da poesia

 Alguém me disse que a poesia precisa ter sentido, dizer coisas conexas, senão, não é poesia. O que é ter sentido?  Que sentido é esse que s...