segunda-feira, setembro 27, 2010

Sonhar é preciso!

Permitir que os sonhos aconteça
sem que fira ou invada quem quer que seja

Deixar os sonhos constelar
todo nosso imaginário
para então desabrochar

Jamais deixar de sonhar!

Inspiração

Às vezes

basta-me o silêncio

para que me aconteça

toda a poesia...

segunda-feira, setembro 20, 2010

quinta-feira, setembro 16, 2010

Mania de limpeza

Ela me disse que bota veneno
nas plantas, nas paredes, até na mesa
pra afastar os peçonhentos
ela quer a roseira
inteira
o baleiro
enfeite
o terreno
limpo
sem plantas
e sem insetos
nem folhas secas caindo
ela quer cada coisa no seu lugar
e tira o lugar das coisas -
ela bota veneno em tudo:
coitado do seu coração!

Mal estar

Bulimia
é o nome que se dá
para aquilo que não tem mais lugar:
o indigesto.
e então vomita tudo.

Desformatado

Pensar
dá forma

mas deforma

falar
informa

mas transforma:

muda-se a forma
daquilo que não tem forma

- vou varrer as folhas do meu quintal...

Letra e beleza

E vem a fome
e me consome
e some

e brota a palavra

e vem o sono
e me deixa bobo
e caio de rolo

e nasce a palavra

e surge a dor
o amargor
a perda de calor

e lá está a palavra

come a desilução
a traição
a rejeição

e eis que brota a palavra

a palavra faz beleza
dá delicadeza
refina a tristeza

e então aparece
a poesia!

Entrevado

travado
trafega
fogo
e engasgo

cavalga
gastura
grunhidos
trôpegos

trapassa
vadio
o vasto
vazio
que vacila

no escuro
tosco
do entre
as trevas
amargas


terça-feira, setembro 14, 2010

Vital

sobre

por

o

viver

sobre

o

sobre

viver

30

Ah, esses nossos trinta...
trinta anos
que ando
nas trincheiras
de abismos
trinta
que trinca-me
a vida
as veias
que me trazem
a idade
os cabelos brancos
surgindo:
coroa prateada
da majestosa
maturidade

domingo, setembro 05, 2010

Freier Geist II

Eis que então
exorcizando predestinações,
determinações, classificações,
maus-olhados, invejas, ciúmes, estrumes por sua cabeça,
má-vontade, impiedade, ingratidão, rasteiras,
contendas,
execrando a falsidade,
a mentira, a hipocrisia, a má-língua, a disputa,
enxotando o encosto, o escárnio, a malvadeza,
e todas estas coisas rasteiras e humanas
descobriu-se livre. E também má e boa, e também aquilo que quer
descobriu-se outra
mais altiva que toda aquela tinta suja
com que fora pintada pelos que a querem mal
soube-se bela e especial, triunfante em seu pedestal
banhada pelos raios divinos
que nela habitam
como em qualquer outro ser sideral.

sobre o Espírito Livre (Freier Geist)

Sofria pois
de uma dor virtual
seus olhos quadrados
e sua boca a teclar
se dabatia num tic tic ta
de dar dó.
era tarde e queimava o velho sol
cintilando nas folhas, gramas, nuvens e meninos
todos lá fora
vivendo na doce alegria da vida ao vivo
enquanto ela
aprisionada na tela
nas teclas indecifráveis dos códigos das gentes
esvanecia-se em dores internéticas
com a pele pálida e as olheiras pretas
em busca de seu amor
virtual...
e foi num último suspiro diante de tudo aquilo
que olhou pela janela
e viu um avião cruzar o céu-ar
o sol se deitar
as luzes se acender
sentiu um algo estranho de vida viva
um frio na barriga, na espinha
uma alegria no coração que palpitava
diante daquilo que se descortinava:
era livre
e tinha uma vida inteira de vida-gozo
vida-cheiro, vida-corpo
vida-de-gente
que apesar de todas aquelas labrirínticas prisões
correntes e tapumes
que lhe impuseram até então
através do medo, desconfiança, julgamentos, convenções, moral
e parafernalhas mil
ela sobrevivera
conseguira levantar seu voo
imprimir seus sentimentos profundos
seus afetos e afeições
até mesmo seus sonhos e ilusões
admitindo para si mesma ser aquilo a vida-viva
sem regra, bula, norma, mandato, leis, chaves e cadeados
sem ter que ser como tal
à força histórica dos costumes
fatalidades, regimes e necessidades
descobrira sim, como quem descobre um segredo inviolável
que era livre
e desde então decidira fazer de si,
desse si que é a própria vida,
um lugar de passeio, de beleza e de amor,
apesar de toda a dor!

sexta-feira, setembro 03, 2010

dia de descanso

Tudo o que
eu quero hoje
é ver o dia descansar
deitar minha cabeça
e adormecer
para amanhã
um novo dia
despertar

Transfiguração da alteridade

Quem é o outro
até que eu o olhe
até que eu o encare
até que eu o penetre?
o outro,
é apenas o outro...
Mas,
quem é o outro
olhos nos olhos
sentido, falado
depois de tocado?
quem é o outro?

Sentido da poesia

 Alguém me disse que a poesia precisa ter sentido, dizer coisas conexas, senão, não é poesia. O que é ter sentido?  Que sentido é esse que s...