quinta-feira, junho 26, 2014

Casa

Moro em casa pequena

e durmo pelo chão

não tenho luxos

só conforto

habito

no calor do coração.

segunda-feira, junho 16, 2014

Si-mesma

Todo este deslize,
instabilidade, multiplicidade.
Todos estes tons, batons, 
brutalidade melódica dos sons.
O que já fui, já fiz, esqueci,
o que deixei, doei, perdi,
o que gritei, calei, pressenti,
o que divorciei, exorcizei, esculpi.
Não sei.
Não sei ainda. 
Não sei quem sou, nem por quê.
Sou, apenas soul.
Som, apenas imensidão.
Sonho, e pura imaginação.
Eu: des-sintonia e emoção.
Nenhuma lógica: logo, não sou,
não sou razão.
Eu? Entre o Sim e o Não.

terça-feira, junho 10, 2014

Não III

As vezes é preciso odiar o seu interlocutor até a última consequência
e deixar aflorar todos os sentimentos e argumentos
é preciso se desfazer de qualquer porto seguro
de todo esconderijo
é preciso vomitar as entranhas
necessário rasgar os véus
destilar o fel
sair da catacumba, da vala, do fosso 
do seu buraco tosco
que lhe mantém na inanidade do conforto

É preciso odiar até sentir-se totalmente só
a sós consigo, e ainda assim
tornar-se seu maior inimigo
é preciso virar-se do avesso
desconfiar da própria sombra
não acreditar facilmente na sua capacidade de amar
não passivamente perdoar
é necessário não abrigar nenhuma falsa compaixão
é preciso dizer não: é preciso ingratidão
é preciso odiar o seu irmão,
o seu interlocutor,
especialmente quando ele for
você mesmo!

Sentido da poesia

 Alguém me disse que a poesia precisa ter sentido, dizer coisas conexas, senão, não é poesia. O que é ter sentido?  Que sentido é esse que s...