quinta-feira, dezembro 15, 2011

Anti-beleza

Contornei
o céu, o ar, as estrelas
Contornei
todas as situações, os problemas
Contornei
as carências, ausências, indecências
Os nãos, os medos, a boca do furacão
Contornei
as quebradas, os abismos, os ossos
os não deves e não posso
o estrago, o trauma, o castigo
Contornei
todos os perigos
Contornei, sambei, voei
porque meu fim é certo
minha morte certeza
e não há mais tempo
para a anti-beleza.


quarta-feira, dezembro 14, 2011

Minha letra

Não terei vergonhas das letras grandes e esparsas sobre este papel
nem a vergonha de deitar e esticar o M e o N
Nao terei vergonha de exagerar o tamanho da letra inicial
nem de puxar demasiado para a linha de baixo o P, o Q, o F, o Z
As letras são desenhos do meu vago pensar
brinco, e de sonhar
brigo, pra machucar
Intrigo, entrego, escondo, nego
e não terei vergonha das minhas letras
nem do que estão por trás!
(ou acaso no entre as linhas, embrulhado nas palavras, por baixo, ou por cima,
o que importa é o que elas carregam!)

terça-feira, dezembro 13, 2011

O rastro

Sigo o rastro
de palavras caídas
resbalos

Sigo o rastro
de palavras bem ditas
colapsos

Sigo o rastro
de palavras suicidas
orgasmos

Seria?

Seria saudade?
sintonia?
Seria? Seria?

Seria maldade?
Seria vontade?
O que seria?

Seria verdade?
Mentira?
Seria falso?
Fantasia?

Seria amizade?
Alegria?
Seria bobagem?
Agonia?

Seria passagem?
Ironia?
Afinal,
o que seria?

Seria sacanagem?
Maravilha?
Vagabundagem?
Psicodelia?

Seria montagem?
Idiosincrasia?
Seria você?
Seria?


Desaluminado

Envoltos em véus
presos nas próprias teias
prisioneiros do fel que destilam

Vão, como se já tivessem ido
retesam, como se já soubessem o fim
desacreditam, como se só alguns pudessem
mascaram, como se fosse possível.

Alguns, pobrezinhos
caem em suas teias e nelas ficam
mosquitos rendidos
de uma lâmpada há muito sem luz

Alumnus - segui os iluminados!
a eles rendei cultos e louvores!
Mas, e quando caminham para a escuridão?
e quando querem te levar junto?
e quando o que encontra é um NÃO!?

Ora! Busquem a sua luz interior!
Vão.
Corram!
Fujam daqui!

Bye Bye

Hoje eu sinto
que já não estou mais
dentro de mim
que já não sou capaz
de dar um fim
sinto o correr
me sinto morrer
... enfim...

Hoje eu já não sou
hoje eu já não vou
hoje eu não estou
bye bye...
Amor!

Fui a pé,
fui a pé!
dei no pé,
fui na fé.
bye bye...
Amor!

terça-feira, novembro 29, 2011

Dos três devires, como falou Zaratustra

Lá vai o camelo
a carregar todo o peso do mundo
ele sabe, ele leu, ele pode
é pesado, carregado e poderoso!

Lá vai o camelo
a cobrar o "tu deves"
a mostrar o quanto falta
e o pouco que lhe resta

Lá vai o camelo:
mandando, desencantando, mostrando
que só pode quem carrega -
brochas de um mundo conhecido

Lá vem o leão
que já não aguenta mais
tanto peso e dever
e tudo deixa pra trás

Lá vem o leão
ele ruge, ele avança, ele espanta
toda a carga que não quer
ele se liberta e diz: não é!

Lá vem o leão
ele destroçou os domínios
ressentido, fugiu para o deserto
e lá vive sozinho

Nasce a criança
ela esquece, ela brinca, ela cria
não existe mais peso nem domínios
é um novo começo

Nasce a criança
e ela diz: Sim!
quer vida, quer devir, quer o mundo
quer ser o que puder - criança

Nasce a criança
a eterna, o retorno, o novo
já não existe poderes, mágoas, impossibilidades -
que nasça a criança minha!


segunda-feira, novembro 21, 2011

Só gente

Nas palavras
solitárias
tanta gente

Nas solitárias
gentes
tanta palavra

Nas gentes
palavras
tão solitárias

domingo, novembro 20, 2011

sexta-feira, novembro 11, 2011

Ouro Negro

Ouro Preto
pedras sangrentas
de tormentos arquitetados
sofrimento.
O preto não ficou com o ouro
mas deu o ouro de si:
patrimônio histórico da humanidade
memória jamais esquecida
pela triste beleza das pedras.

sexta-feira, outubro 28, 2011

Alquimista

Era com amor e ternura que se via a vida
nos olhos daquela menina.
Tinha um algo de dor, e de dor
por falta de amor.
O Amor: era ele que embalava seus sonhos poéticos,
era ele que atormentava seus devaneios estéticos.
Não sabia o que queria, mas sabia que dele precisava,
ainda que fosse de sua falta, sua ausência,
para gerar-lhe esta luminescência intramundana.
Era ele o seu néctar, a sua pedra filosofal,
era ele o seu medo, o seu terror mais abismal.
O que era, para quê, aonde estava,
eis seu grande paradoxo irresolvível.
Mas sabia que era, e era o mais, o maior,
era céu e era terra.
Era enfim, aquilo que não tem fim.
O limite metafísico de seu ser.
O intangível, mas o oxidável,
o elemento essencial de cada partícula presencial.
Era... sem tradução... Amor.

quinta-feira, outubro 06, 2011

Infância

Quero ser sempre como uma criança:
explodir em alegria
chorar de soluçar
e depois dormir...
para então acordar
e renascer para a vida

domingo, outubro 02, 2011

Não tenho

Hoje não tenho cabeça
Não tenho cunho
Não tenho cálculo
Não tenho crisma
Não tenho credo
Não tenho cruz
Não tenho crase
Não tenho crise
Não tenho colo
Não tenho cume
Não tenho caso
Não tenho ciúme
Não tenho cisco
Não tenho costume
Não tenho casa
Não tenho conchavo
Não tenho comparssa
Não tenho culpa
Não tenho coisa alguma

Caminhandando

Estrada tortuosa
de acertos e erros
esquinas e becos
pontilinhas brancas no chão
de cimento
calçamento
pedras e barro
estrada onde encontro
o que não procurei
o amor e o escarro
o fundo e o equilátero
o profano e o sagrado
estrada de carros
pedestres
esbarros
de tombos
calombos
mordidas
assombros
estrada da cura
da dor
da ferida
da soma
da perda
estrada da vida

Patenteado

Em um mundo em que o real é apenas uma referência para se falar do mundo dos adultos, aquele que fora forjado construído e edificado por eles mesmos, o mundo de relações de trabalho , de dinheiro, de poderes, porém em que este real é absoluto e soberano, é difícil encontrar o lugar onde se situa o mundo da criança. Não que ela esteja fora ou que não deva se situar dentro desse já criado. Mas através de sua imaginação, inocência, criatividade, sonhos, fantasias, alegrias, brincadeiras, não é possível que este "real" seja o único mundo possível a elas. E nem que toda essa beleza da infância sirva apenas para prepará-los para depois então "cair na real". Mas é o que acontece. Poucos são os que fogem, sem tornarem-se loucos ou alienados da realidade. Aliás é essa mesma a definição para alienação: aquele que está fora da realidade. Mas não vou entrar em diagnósticos psiquiátricos nem nos males e loucuras que toda essa conformação com esta realidade causa aos seres humanos. Quero falar do mundo "fora da realidade" em que uma criança chega aos adultos.
Certamente não é dentro desta "realidade" que se situa o imaginário e prazeres infantil, embora na maioria das vezes todo o fazer dos adultos pelas crianças se torna uma formatação para lidar com esta realidade. Uma adaptação. Coisas em miniaturas. Roupas, brinquedos, sapatos, lições, fazeres, lazer, enfim.. Muito crédulos de que este é o melhor caminho para os pequenos, pois creem veementemente ser o único. Talvez seja. O fato é que não se abre espaço para a criação de algo diferente, para que possa vir a nascer um diferente. O fato é que esta realidade forjada, manipulada, já possui patente.

Árido

O que te tornaste?
você cresceu
e parece que os sonhos
então se acabaram
o brilho dos olhos secou
nada mais suave ou doce..
só urros e coices.
a vida ainda faz sentido pra você?
e as pessoas, ainda se importa com elas?
já não falamos mais a mesma língua
não te reconheço mais
no que te tornaste,
meu rapaz?


Poema Vago

No fundo do olhar
O profundo:
Todo o mundo

O amor que não pode calar
Que escapa pelas palavras
Transborda pelos suspiros

No suor
Nas mãos trêmulas
Nas palavras trocadas
E desfeitas.

(She`s got a) Ticket to Ride

Perguntas são tickets

para o sonho

do sonho brotam

ao sonho retornam

são brigas com o real

querem dar espaço

ao sonho

querem tudo

que eu posso

quando sonho que posso



segunda-feira, setembro 26, 2011

Le Voyage

Preciso viajar por longa data,
na volta, nada intacto,
viagem longa (terá fim?).
Sim, preciso ver, tocar, sentir
preciso saber sobre mim.
Eu - minha tão próxima desconhecida,
o que em mim habita?
O que, em que habito?
 habituo-me ao mundo,
será hora de partir?
Preciso partir!
por entre-mundo, intra-mundana que sou
neste tão distante, solitário,
flutuante planeta que estou.
Como haveria de ser diferente?
Se há algo, é o momento presente.


domingo, setembro 25, 2011

Garanta já

Do barro, o tijolo, o cimento: muros e paredes -
não necessariamente a segregação.
Mas, por que diacho, tanta separação?
Garantia de poderes, de espaços, de dinheiro?
Garantia da intocabilidade do meu frágil eu?
Garantia de saberes, de áreas, da ordem?
Garantia da ignorância, da cegueira, do controle?
Garantia?
Não garanto...

segunda-feira, setembro 19, 2011

Chão

É no chão que aterriso
sobre lama
lodo movediço
é no chão que eu piso
cacos de vidro
grande risco -
sem sobreaviso!
é no chão que me abismo
- tudo do humano -
como haveria imprevisto?

Sobre as asas

um suspiro
e um vago olhar:
- Ah, que vontade de voar!

Reverso

Ventos passando
promessas adormecidas
e ela já sabe contar até 10!

Viagens que não terminam
nem pelo fim da escrita
E ela já sabe o que em mim habita!

A poesia, a música, a filosofia
consonante melodia
dia e noite noite e dia

E ela já arrisca versos
canta, dança, pergunta
e me desafia.

Ela é o meu reverso.

quinta-feira, setembro 01, 2011

Me deu

Me deu novamente
aquelas loucuras
alegres volúpias
leves doçuras

Me deu, novamente
essa procura
vertente cura
presente altura

Deu intensamente
essa quente escritura
poente pintura
ausente amargura

Me deu - e grandemente
este grande presente:
amor que dura
da vida nascente
do agora que perdura.

segunda-feira, agosto 15, 2011

OU

Vivemos em uma nova era
a era da evolução!

ou

Vivemos em uma nova era,
a era da evolução?

Caminhamos para o avanço tecnológico
para melhoria e maior felicidade da humanidade!

ou

Caminhamos para o avanço tecnológico
para melhoria e maior felicidade da humanidade?

quinta-feira, julho 28, 2011

Futuro Furtivo

Quando a chuva passar
quando eu despertar
quando eu me alegrar
quando eu conseguir
quando eu não mais sofrer
quando eu estiver lá
amanhã, amanhã, amanhã....
quando eu não mais viver.

sábado, julho 23, 2011

Utilitarismo

O supra-sumo de minha existência
não lhe dou para consumo
Abstenho-me e retiro-me
quando a suma é o uso

quinta-feira, julho 14, 2011

Leçon sobre juízo de fato e juízo de valor

É fato que a carreira docente é desvalorizada.
O fator causal, no entanto, não é único.
Sim, o Estado tem participação.
Mas vou apontar um segundo.
Não, não vou generalizar, apesar de perceber a influência de toda a população neste fato.
Vou atacar um particular: OS ALUNOS.
Ser aluno, ser sujeito da educação, estar presente nas escolas e salas de aulas,
cara-a-cara e dia-a-dia com o professor. Este sujeito também é atribuidor de juízos de valor.
Valora. Valoriza. E como há os contrários, também desvaloriza.
Mas penso que a desvalorização do professor é sintoma de uma outra perda muito maior:
a desvalorização do Saber. Buscar saberes, conhecimentos, ampliar o intelecto, não é o principal nos centros de estudos. O sentido destas instituições não é a edificação do espírito (cá entre nós isto soa até estranho e utópico demais). É outro. Aos leitores, deixo para que o pensamento busque respostas para este sentido.
Aos alunos, faço um apelo - o que vocês estão fazendo nas escolas? O que vocês esperam de seus professores? E digo mais: o que estão fazendo para contribuir neste processo educativo do qual vocês são os sujeitos principais?
É fácil agir como a maioria, reclamando, criticando, dando as costas. Difícil é se reconhecer como co-responsável na construção da sua formação. Difícil é embelezar os olhos, mudar a ótica, a ética, o tipo. Fácil é ser "tipo" todo mundo.
O que tem sido o Saber, com S maiúsculo, para vocês?
Não perceberam ainda que só reclamar não funciona?
Que para ser melhor vocês também precisam melhorar?
Que é necessário reconhecimento, empenho, esforço, dedicação, contribuição?
Que para saber é preciso querer aprender?
Que para receber é também preciso doar?

domingo, julho 10, 2011

Virtude do Aprendiz

É virtude de um aluno compreender a sua formação
e nela entender qual o papel da educação:
É fundamental ele perceber que educação não é um cálculo matemático -
é sangue que corre nas veias.
Que não é uma soma de conhecimentos adquiridos -
é crescimento, desenvolvimento.
Que educação é muito mais que números, notas, méritos, estrelinhas ou dez no boletim -
educação é sim tornar-se melhor, aprimorar-se, ainda que com o erro e as notas não tão dez... o dez não é um fim em si, é um meio para o Aprendiz.
Que educação não é reprodução, simples memorização, repetição de padrões -
é também criatividade, inovação, autoria, invenção, superação.
Que não é apenas criticar, rejeitar, negar e justificar -
é muito mais: é gostar de aprender, conversar, ouvir, refletir, ler e escrever.
É sim respeitar, perguntar, duvidar, e por que não, também, amar??!
Aprender sempre foi e sempre será a maior virtude do Aprendiz.

quarta-feira, julho 06, 2011

Só para não ficar Só

Considero realmente bonito
este tipo de amizade entre as pessoas
aonde um atura o outro
tão somente para não ficar só.
E comovente.
É tão humano quanto decadente.
Não seria possível aprender a apreciar a solidão,
ou seja, a boa companhia?
Ou será que chegamos ao ponto de sermos
insuportáveis a nós mesmos?
O silêncio, um muitas circunstâncias,
não seria preferível à tagarelice?

terça-feira, maio 03, 2011

Dissimulando

Roupas, o que escondem?
gorduras, ossos, vergonhas?
medos, fraquezas tristonhas?

Roupas, o que escondem?
imperfeições, deformidades, excessos?
conformidades, precariedades expressos?

Roupas, o que escondem?
o que é teu, o que não é, o que já foi?
pretensões, ilusões, o que não foi?

E os perfumes, o que perfumam?
os maus odores, os temores, os rancores?

o que perfumam?
a podridão, a exaustão, a ingratidão?

o que perfumam?
a cárie, o couro, o necrosado?

o que perfumam?
a rejeição, a aflição, o mal amado?

Roupas, perfumes...
a quem enganam???

sexta-feira, abril 29, 2011

A-cadê-micos

De quem é a filosofia?

De quem a vende?

De quem a compra?

De quem pronuncia?

De quem gerencia?

De quem difama?

De quem engana?

De quem é a filosofia?

Aonde estaria?

A filosofia pode estar no silêncio
apenas no pensamento
filosofar não é
filosofalar
isto é tagarelar!
Filosofia é a sabedoria buscar
e quem a busca
sabe que a língua a ofusca
filosofia também não é standart
moeda de troca, roupa nova
filosofia é do íntimo a poesia
é do simples a euforia
é da vida transvalorar
tudo o que parece estar
aonde não está!

terça-feira, abril 26, 2011

Matéria

De quê é feito um homem?

um pouco de barro
e seu novo carro

um tanto de vaidade
e da moda a última novidade

pouco sentimento
e seu grande empreendimento

uma vida banal
e seu precioso status social

dinheiro, futilidade
e nada de dignidade

De quê é feito um homem?

Para onde vai? (e com tanta pressa!!!)

Sua pressa
seus passos
seu traço
sua meta

cálculos arquitetados
engenhosa habilidade
para esconder o cadáver
que em você apodrece

Hi-Fi

Tecnologias

modernidades

alta velocidade

tudo tão rápido

tão avançado

para um ser

tão atrasado

Na corrida

Quantas trapaças
corridas, disputas
serão necessárias
para garantir seu lugar?

Quantas cabeças será preciso pisar
com que rapidez é preciso gritar
para conquistar o seu lugar?

Com que força é preciso acelerar
com que esperteza adulterar
para que você tenha um lugar?

O que de si irá dar
vender, leiloar?
O quê, por um mísero lugar?

quinta-feira, abril 21, 2011

Paradoxo da cibernética

Os mestres

da formação humana

Viraram professores-técnicos

da máquina (des)humana

Ethos

Parece esquecido
que a ética não é apenas uma área na filosofia
é a filosofia que gosta de se intrometer
e discutir, discorrer, divergir sobre ela.

Ética é ação humana
é a forma de agir
e como um ser inteiro
somos amor, pensamento e ação

Ética é amar-pensar-agir
e também o seu oposto:
é desamar-sempensar-nãoagir.

É um modo de sermos
nossa prática espiritual-corporal,
e é sim uma ousadia
tratá-la de forma tão banal.

sábado, abril 16, 2011

Animal-mal

O homem é um animal racional
mas é um animal
e animal egoísta
vaidoso
ganancioso
material
é sim um animal racional
mas que usa essa racionalidade
para tramar o mal
para controlar os outros
para satisfazer os seus próprios desejos
para enganar, dissimular e até matar
e ainda assim acredita
que está no topo do reino animal...

quinta-feira, abril 14, 2011

Sempre mais

Mais
muito mais
que coração
é preciso para amar
Mais, muito mais
é preciso mão
para dar
ainda mais
é preciso chão
para caminhar
mais e mais
é preciso até o não
para amar
mais, é preciso mais
para amar
é preciso dar
é preciso perdoar
para amar
é preciso
Amar

terça-feira, abril 05, 2011

Nó's

Separar o nós do eu
desfazer os nós do que se d'eu
não, não nós
apenas eu!
e eu sem você
volto a ser m'eu!

Apenas humano

Lá onde eu vejo
um pintor ou um doutor
um pedreiro ou um carpinteiro
um policial ou qualquer tipo de profissional
vejo apenas homens e mulheres
em busca da sobrevivência
vejo seres humanos
que necessitam de trabalho
para ser um humano
vejo gente como vejo os animais
vejo natureza viva em busca da vida

Sobre autenticidade

Seja como quiser ser

como quiser parecer

só não deixe de ser

aquilo que é você

quinta-feira, março 31, 2011

Inaudição

O dito está dito
ditado
re-editado
mas, e o inaudito?
o não pronunciado
ainda nem compreendido?
quem terá ouvidos
para captá-lo?
sensibilidade
para percebê-lo?
percepção para no entre-linhas
atê-lo?

domingo, março 27, 2011

"Que sei?" (II, XII)

Montaigne
senhor das montanhas
que do alto avista
com maior clareza a sabedoria

Montaigne
como um bom filósofo
jamais aceita tê-la alcançado:
antes, com amor, busca a sabedoria

Montaigne com o dom da letra
permite que seu pensamento se escreva:
faz de suas reflexões palavras
arte que ensaia belezas

Montaigne dos homens e dos animais
da filosofia, das dúvidas, das experiências
no Renascimento arrisca-se em pensamentos
no Humanismo revela sua filosofia da existência:

A ARTE DO BEM VIVER.
Quem
qué
ca
qui?

terça-feira, março 22, 2011

sem controle

Posse
comando
controle -
puro descontrole!

o mundo não pertence
àqueles que querem
apenas não pertence
à ninguém - despertence

despretensione
despeça
desfaça
desfigure
desintegre
desde já
deixe pra lá
nada é teu
nem será
não encane
não se engane
não arranhe
o que apenas acontece

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Idade

Não nego o tempo
nem as marcas que me traz
antes, aceito com amor
as experiências, as aprendizagens,
as vontades de Quem o faz


sexta-feira, janeiro 21, 2011

Vin-da

Por muitos lugares que andei
avistei entusiasmo e cansaço.
Interessante é que o entusiasmo
nem sempre acompanha os jovens,
e o cansaço, também não é característica
exclusiva de velhos.
Muitos jovens já cansaram, ou ainda
nem despertaram a ponto de entusiasmarem-se.
Muitos velhos mantêm o brilho nos olhos do entusiasmo,
o qual pudera ter nascido com a experiência,
com o gosto pela vida.
Nascimento e morte, quando começa
e quando termina?
Vida: muito mais prática
do que teorias.
Vida: muito mais brilho nos olhos
do que brilho na pele.
Vida: muito mais hoje
do que ontem ou amanhã.

domingo, janeiro 16, 2011

Enfim sós?

Era vontade de casar
pra não ficar solteira
acabou que deu azar
por uma vida inteira

o que os outros diriam
que ficou para titia?
todos dela ririam
e chamariam de Maria

Casar e ter uma família
conforme a novela
o que não saberia
é que antes, ter permanecido donzela

Mas casou e engravidou
nada como sonhara
o marido se folgou
e ela engordara

Ao invés de um castelo
torres de roupas e de louças
pensou que tinha batido o martelo
mas se encrencou como todas as outras

sexta-feira, janeiro 14, 2011

terça-feira, janeiro 11, 2011

Translation

Posso perguntar o que você quis dizer
com tais palavras?
Posso ousar em lhe pedir permissão
para traduzir o que quer dizer?
ou isso lhe custaria o poderio estético?
revelaria ficções vazias?
Poderia saber o que no fundo, bem no fundo,
quer mostrar?
ou não há fundo,
nem sentidos, ou nexos?
Pura vaidade?
ou ardente e inconfessável chama?
E eu, suportaria tais revelações?
necessitaria eu delas?
ou com elas perderia as fantasias,
empalideceria as poesias?
Não, não ousaria lhe perguntar...
Entre a verdade e a arte
fico com a beleza

sábado, janeiro 08, 2011

Amordor

A dor de não ser amada

não deve ter cura...

Não se ama alguém

nem ao menos se ama...

O amor é um sonho incurável

que produz dores

e beleza!

Carruagem

Aqui neste mundo
tudo me é possível.
Neste aqui: de traços, laços,
riscos e imagens.
Fica fácil
aceitar o absurdo
ainda que lá fora
tudo isso seja impossível.

Mas não vou ceder:
me nego a dizer
que este é menos real!
Por hora, será mais!
Mais alto, profundo,
verdadeiro, sincero -
Sem aparências, apenas
transparências.

Este aqui é nosso!
Nosso divã, sofá, cama,
quintal, carruagem, hospital,
nossa morada, pousada,
nossa viagem imortal.
Ele é nosso, e poderemos fazer o que quisermos
(temos todo o espaço):
Eis o papel em branco!

Se vai

Mais uma despedida

mais um adeus,

mas, até breve!

Mais uma separação?

Talvez... ou não!

bem possível mais distante

quanto perto

...paradoxos da matéria...

Gozo auditivo

Sou dona daqueles pensamentos
que não silenciam
embora eles não pertençam a mim.
Falam como um trôpego, um bêbado
porque há vozes que não querem calar:
deixo-as falar e,
cansadas da tagarelice
elas adormecem.
de tanto gritar, resmungar, urrar, malograr
elas louvam céus e ar
o ódio e o amar -
exaustas
viram-se de lado
do orgasmo de pensar

Sentido da poesia

 Alguém me disse que a poesia precisa ter sentido, dizer coisas conexas, senão, não é poesia. O que é ter sentido?  Que sentido é esse que s...