Era com amor e ternura que se via a vida
nos olhos daquela menina.
Tinha um algo de dor, e de dor
por falta de amor.
O Amor: era ele que embalava seus sonhos poéticos,
era ele que atormentava seus devaneios estéticos.
Não sabia o que queria, mas sabia que dele precisava,
ainda que fosse de sua falta, sua ausência,
para gerar-lhe esta luminescência intramundana.
Era ele o seu néctar, a sua pedra filosofal,
era ele o seu medo, o seu terror mais abismal.
O que era, para quê, aonde estava,
eis seu grande paradoxo irresolvível.
Mas sabia que era, e era o mais, o maior,
era céu e era terra.
Era enfim, aquilo que não tem fim.
O limite metafísico de seu ser.
O intangível, mas o oxidável,
o elemento essencial de cada partícula presencial.
Era... sem tradução... Amor.
sexta-feira, outubro 28, 2011
quinta-feira, outubro 06, 2011
Infância
Quero ser sempre como uma criança:
explodir em alegria
chorar de soluçar
e depois dormir...
para então acordar
e renascer para a vida
explodir em alegria
chorar de soluçar
e depois dormir...
para então acordar
e renascer para a vida
domingo, outubro 02, 2011
Não tenho
Hoje não tenho cabeça
Não tenho cunho
Não tenho cálculo
Não tenho crisma
Não tenho credo
Não tenho cruz
Não tenho crase
Não tenho crise
Não tenho colo
Não tenho cume
Não tenho caso
Não tenho ciúme
Não tenho cisco
Não tenho costume
Não tenho casa
Não tenho conchavo
Não tenho comparssa
Não tenho culpa
Não tenho coisa alguma
Não tenho cunho
Não tenho cálculo
Não tenho crisma
Não tenho credo
Não tenho cruz
Não tenho crase
Não tenho crise
Não tenho colo
Não tenho cume
Não tenho caso
Não tenho ciúme
Não tenho cisco
Não tenho costume
Não tenho casa
Não tenho conchavo
Não tenho comparssa
Não tenho culpa
Não tenho coisa alguma
Caminhandando
Estrada tortuosa
de acertos e erros
esquinas e becos
pontilinhas brancas no chão
de cimento
calçamento
pedras e barro
estrada onde encontro
o que não procurei
o amor e o escarro
o fundo e o equilátero
o profano e o sagrado
estrada de carros
pedestres
esbarros
de tombos
calombos
mordidas
assombros
estrada da cura
da dor
da ferida
da soma
da perda
estrada da vida
o amor e o escarro
o fundo e o equilátero
o profano e o sagrado
estrada de carros
pedestres
esbarros
de tombos
calombos
mordidas
assombros
estrada da cura
da dor
da ferida
da soma
da perda
estrada da vida
Patenteado
Em um mundo em que o real é apenas uma referência para se falar do mundo dos adultos, aquele que fora forjado construído e edificado por eles mesmos, o mundo de relações de trabalho , de dinheiro, de poderes, porém em que este real é absoluto e soberano, é difícil encontrar o lugar onde se situa o mundo da criança. Não que ela esteja fora ou que não deva se situar dentro desse já criado. Mas através de sua imaginação, inocência, criatividade, sonhos, fantasias, alegrias, brincadeiras, não é possível que este "real" seja o único mundo possível a elas. E nem que toda essa beleza da infância sirva apenas para prepará-los para depois então "cair na real". Mas é o que acontece. Poucos são os que fogem, sem tornarem-se loucos ou alienados da realidade. Aliás é essa mesma a definição para alienação: aquele que está fora da realidade. Mas não vou entrar em diagnósticos psiquiátricos nem nos males e loucuras que toda essa conformação com esta realidade causa aos seres humanos. Quero falar do mundo "fora da realidade" em que uma criança chega aos adultos.
Certamente não é dentro desta "realidade" que se situa o imaginário e prazeres infantil, embora na maioria das vezes todo o fazer dos adultos pelas crianças se torna uma formatação para lidar com esta realidade. Uma adaptação. Coisas em miniaturas. Roupas, brinquedos, sapatos, lições, fazeres, lazer, enfim.. Muito crédulos de que este é o melhor caminho para os pequenos, pois creem veementemente ser o único. Talvez seja. O fato é que não se abre espaço para a criação de algo diferente, para que possa vir a nascer um diferente. O fato é que esta realidade forjada, manipulada, já possui patente.
Árido
O que te tornaste?
você cresceu
e parece que os sonhos
então se acabaram
o brilho dos olhos secou
nada mais suave ou doce..
só urros e coices.
a vida ainda faz sentido pra você?
e as pessoas, ainda se importa com elas?
já não falamos mais a mesma língua
não te reconheço mais
no que te tornaste,
meu rapaz?
você cresceu
e parece que os sonhos
então se acabaram
o brilho dos olhos secou
nada mais suave ou doce..
só urros e coices.
a vida ainda faz sentido pra você?
e as pessoas, ainda se importa com elas?
já não falamos mais a mesma língua
não te reconheço mais
no que te tornaste,
meu rapaz?
Poema Vago
No fundo do olhar
O profundo:
Todo o mundo
O amor que não pode calar
Que escapa pelas palavras
Transborda pelos suspiros
No suor
Nas mãos trêmulas
Nas palavras trocadas
E desfeitas.
O profundo:
Todo o mundo
O amor que não pode calar
Que escapa pelas palavras
Transborda pelos suspiros
No suor
Nas mãos trêmulas
Nas palavras trocadas
E desfeitas.
(She`s got a) Ticket to Ride
Perguntas são tickets
para o sonho
do sonho brotam
ao sonho retornam
são brigas com o real
querem dar espaço
ao sonho
querem tudo
que eu posso
quando sonho que posso
para o sonho
do sonho brotam
ao sonho retornam
são brigas com o real
querem dar espaço
ao sonho
querem tudo
que eu posso
quando sonho que posso
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