segunda-feira, maio 26, 2014

Profundo

Profundo
não é nenhum texto de todo esse mundo
profundo
é o canto de um pássaro
quando sentido num segundo
de silêncio das palavras:
ecoa em mim
a antiguidade do universo
a profundidade do espaço
a raridade do momento
a efemeridade da minha vida.
Desintegra-se toda a firme certeza
da profissão de fé que se faz da letra
esfacela-se a falha crença
numa verdade já dita e escrita
dissolve-se a bela e imperiosa
imagem do homem distinto.
O que fica?
Tudo o que sempre foi
antes do dito e escrito
todo o impronunciável
e até mesmo o inaudito.
Tudo o que não fomos
nem nunca seremos
mas que de alguma maneira somos parte
superficialmente produzindo palavras
ideias, explicações, poemas
no raso, na beira, na borda,
mas não no fundo.

Um comentário:

Daniel disse...

Profundo é o mundo na cabeça de um espírito fecundo... O que fica? É isso tudo e o desejo de saber como chegar no rudimento.

http://wordsinthesea.blogspot.com.br/2014/06/escrever-e-beber-ler-e-comer.html

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