quinta-feira, novembro 30, 2017

Poema de terras distantes

Como sentir sem dis-trair
ou des-esperar?
palavras paridas do desejo
emitidas
com anseios
a física quântica do medo
sem o quantum do cálculo
move o concreto
matéria vazia, esvazia-da
vaza de "até quando se espera
sem e(xa)sperar?"
Múltiplas linhas férreas
paralelas e perpendiculares
com o trem-bala, maria-fumaça
(o que importa?)
ele vai passar, o amor fulminante
ardente, lancinante, vem.
Quando? Como?
Pra que lado vai e de que lado vem?
Virá adiantado ou atrasado?
Re-tarda? Vem?
Ator-doada ardo,
ainda que doa, doo
dualada e aturdida.

Sabedoriar, saber esperar
sem deixar de sentir aquilo
que dá lugar ao saborear
Sabedoriar, saber esperar
para saborear - petiscos, degustação
ensaiar o sabor do amar
ensaio do saber esperar o amor
ajustar o passo ao sabor do vento

Des-esperar sem desesperar
a esperança serena, acena
de um fogo ardente
fogo, ar, águardente
o gole que acalma
o respiro que restaura
o calor que mantém a vida
em sua chama mais primitiva:
o desejo chama potente
ao agenciamento das forças moventes

Re-esperar
Res-pirar
Re-parar
Re-amar

Indícios suspeitos
suspiropeitos
merengue adocicado
de morangos suculentos e inflamados
suspiropeitos, suspiroleitos

Pre-encher, dis-trair?
ex-vair esvaziar aqui
Se diz trair, se cala amar
Dizer o amor, se leal dar.

Dos fragmentos poéticos-sonoros com Flora Holderbaum

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