quinta-feira, janeiro 04, 2018

Ensaio da vez

Sonhei viver num sempre ensaio, a tocar instrumentos com os amigos e escrever frases e rascunhos sem fim. Era dia, ou era noite, não importava, mas a qualquer instante surgiam novas melodias, novas frases e poemas que captavam o agora e o transformava em bolhas de ar, em gotas frescas de orvalho e ainda em perfumadas pétalas da mais vibrante cor. Era ensaio cada ação, sem começo, nem fim, nem duração, era apenas um sempre ensaio, que nos presenteava com a abertura do horizonte e de possibilidades sempre novas, ou velhas (realmente não importava), de recomeçar, de justapor, de refazer, de acrescentar e não precisar justificar. Era ensaio nosso de cada dia, como uma sempre música que nunca acaba, mas que se renova com a mudança do vento, com a temperatura, e ainda com o temperamento. Era o ensaio da vez que se desabrochava, sem plano prévio, mas na direção da intuição latente. E os pássaros das ideias voavam, sem gaiolas, sem precisar voltar, apenas pousar onde e como quisessem. Era sempre tempo de nascimento, nascença e renascença, tempo de vir a ser sem hora marcada, tempo de morrer como a fruta cai do pé. Era ensaio da criação que jorra do ventre, sem regras, métricas ou normas técnicas. Apenas ensaio da ação, da criação, da comoção do pensamento. 






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