Sempre aos meios
pela metade vou sendo
uma que acorda
e a outra que permanece em sonhos
uma que é carne
e a outra intangível
um algo que eu me sei
e algo outro tão estranho
um sem começo e um também sem fim
um estar ao meio
pela metade do caminho
sem saber se cá ou lá
direita ou esquerda
boa ou má
lúcida ou louca
uma lua pela metade
que desconhece seu lado escuro
e talvez aonde está sua luz-cidez...
que outra face
uma segunda pele
uma nuca desconhecidamente minha que me acompanha
um interno do qual só conheço o sangue
nunca o além
mas que tenho certeza que há
que está constantemente aqui
do qual só conheço este instante
presente e espacial:
sou dual
quinta-feira, abril 29, 2010
quinta-feira, abril 22, 2010
Mais sobre amor
Cantos belos
aqueles que falam do amor
amor em suas infinitas formas e beleza
Pois o amor permeia tudo o que há
e fertiliza o coração dos humanos
Há o amor pela vida, pela natureza
pelas flores, e pelos rios
e há o amor dos amantes
o amor entre a família e os irmãos
mas há o amor ainda maior
o amor a tudo e a todos
o amor imanente
que irradia do grande centro gerador da vida
presente no ar, no sopro vital
presente em espírito
transcendental
Eis o amor capaz de unir
tornar todo o múltiplo em um só
E também o mais difícil
pois requer grande desapego
entrega
Eis o amor de que se falou
no velho Livro
e o maior ensinamento que recebemos
decodificado, inspirado divinamente
Um amor que requer dissolução do "eu"
do "meu", do "teu"
amor que atravessa as paredes, os muros,
as propriedades, as igrejas e as classes
Quem poderá conhecê-lo?...
aqueles que falam do amor
amor em suas infinitas formas e beleza
Pois o amor permeia tudo o que há
e fertiliza o coração dos humanos
Há o amor pela vida, pela natureza
pelas flores, e pelos rios
e há o amor dos amantes
o amor entre a família e os irmãos
mas há o amor ainda maior
o amor a tudo e a todos
o amor imanente
que irradia do grande centro gerador da vida
presente no ar, no sopro vital
presente em espírito
transcendental
Eis o amor capaz de unir
tornar todo o múltiplo em um só
E também o mais difícil
pois requer grande desapego
entrega
Eis o amor de que se falou
no velho Livro
e o maior ensinamento que recebemos
decodificado, inspirado divinamente
Um amor que requer dissolução do "eu"
do "meu", do "teu"
amor que atravessa as paredes, os muros,
as propriedades, as igrejas e as classes
Quem poderá conhecê-lo?...
terça-feira, abril 20, 2010
Sem mim, para você
Muito, bem pouco
para eu me perder
um chá, uma música
pensar em você
e eu já
não existo mais
para eu me perder
um chá, uma música
pensar em você
e eu já
não existo mais
segunda-feira, abril 19, 2010
Coroação
quarta-feira, abril 14, 2010
Em um tempo
No tempo em que eu me vi
eu não sabia o que eu era
eu era aluna
eu era professora
eu era desempregada
eu era desutilizada
eu era mãe
eu era esposa
eu era separada
eu era juntada
eu era filha
eu era orfã
eu pilotava carro
eu pilotava fogão
eu filosofava
eu limpava o chão
eu criava coisa
e me desconstruía a cada dia
habitava uma construção quadrada
com portas e janelas
usava calça feita de jeans
e um par de tênis
bebia café
e comia enlatados
mas também colhia frutas
e cheirava flores
via filas de carros
filas de gente
filas de ruas, casas
filas de livros e letras
via muros
e via estrelas
nesse tempo eu era algo
de individual
que a tudo se misturava
eu não sabia o que eu era
talvez porque eu não fosse
ou eu era
eu era nada!
(imagem: Salvador Dalí)
terça-feira, abril 13, 2010
Som, imagem e sabor
Quanta coisa despertou meu desejo
pelo nome que lhe era dado
e pelo meu imaginário
ao conhecer a coisa em si
e provar-lhe
um desapontamento
diante de algo
que não aguçara meus sentidos
nada de bom como eu via
nos olhos de quem dizia
Cat-chup foi uma delas
queria entender porque
se falava tanto sobre esse algo delicioso...
"Mãe, compra cat-chup?"
"mas, é isso cat-chup?"
Qual a metafísica do cat-chup?
O que há nele que eu não senti?
Apenas um nome? uma imagem?
Uma questão de mau gosto?
Quanto a linguagem nos ludibria
e quanto os sentidos nos revela!
(imagem: Edvard Munch)
segunda-feira, abril 12, 2010
Aquilo que há
quarta-feira, abril 07, 2010
Criar a Ação
Procuro algo dentro de mim
algo que me saia
de forma crua
sem muita arquitetura
sem enfeites e molduras
Muito vi do erudito
pouco do autêntico
O que trouxe novos estilos
trouxe-o porque criou
Onde está a perdida arte de criar?
Como aniquilar a falsa maquiagem
que traz por trás a cópia?
Será necessário parar de devorar cultura?
Aprender a ruminar?
Digerir?
Ruminar e digerir
a cultura alheia ou a mim mesmo?
Como tocarei este instrumento?
Como soltarei a voz?
Como pincelarei as tintas?
Como encaminharei os dedos?
a caneta?
Que céu quero contemplar:
o céu já visto e dito
ou o céu como ninguém viu,
ou talvez viu e não exprimiu?
E que sentimento quero cantar?
O das novelas, dos romances?
Ou esses inauditos
aqui calados
aqui refugiados?
Quero esse meu desconhecido
Quero esse teu desconhecido
Quero o nosso que é só nosso
Que é novo
por ser tão antigo...
(imagem: Wassily Kandinsky)
terça-feira, abril 06, 2010
Cultivo
Todos os dias
ou sempre que podia
olhava para o céu
para contemplar o brilho das estrelas...
tão belas
tão reluzentes
e tão distantes
queria cultivar estrelas
em seu jardim
trazer aquele brilho para perto de si
mas não havia como capturá-las...
nem com fotos
nem pinturas
ou poesias
eram apenas para ser contempladas
cansou de não possuí-las
decidiu cultivar flores
em seu jardim...
(imagem: Henri Matisse)
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