sábado, dezembro 30, 2017
Aforismo da serenidade pretensiosa
Sim, todos ultrapassaram e venceram a corrida... Mas quem disse que a corrida era o que importava? Onde se chega, e pra onde se vai? O que se ganha, afinal? Há medo em se descobrir ser o que se é, eu sinto. E por isso se veste mantos e máscaras. E por isso se trai e condena. Há medo em ser o que se é... A corrida não é pra vencedores, mas pra medrosos e desesperados. Corrida pra não perder aquilo que está perdido já desde a largada. E nem ao menos se sabe pra onde vai e no que vai dar. Mas meus passos são de caminhada, sem pressa, de andarilha solitária. O que quero não está na chegada, está na possibilidade invisível de cada dia, de uma nova descoberta, de um sentir firme e efêmero que só se conquista com serenidade e entrega. O que quero não é uma meta, uma coisa ou um prêmio. É inefável, transcendental, inexplicável. Mas pode ser sentido com a alma despida, com o coração frágil e nu lançado ao vento.
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