terça-feira, dezembro 14, 2010
Um ninho
segunda-feira, dezembro 13, 2010
Mundo Novo
sexta-feira, dezembro 10, 2010
Sensibilidade financeira
Vidente
No adjective
Meus cabelos
quarta-feira, dezembro 08, 2010
Quando o amor me invade
O que te dou
segunda-feira, dezembro 06, 2010
Poço sem fundo - um Biografema
Sangue. Foi da dor que eu nasci. Não apenas da minha mãe. Da dor da minha mãe. Da minha dor. Um machucado na testa aos 3 anos de idade. Também foi dali que meu pai nasceu para mim, com seu primeiro cuidado da filha machucada.
Havia um menino mamando nos seios de minha mãe... e ele era meu irmão! Doeu também... Mas a dor sempre passa... Ao menos, têm passado.
Dores do passado, dores que tenho passado, dores que passaram.
Tenho nascido, e aprendido! com as dores.
Dançando e cantando. Há a alegria! A arte! A liberdade! Ainda menina, bem cedo, já era o que me encantava, me embalava. Era menina. Era a própria alegria. Da inocência que dança, da pureza que canta. Dançava, rodopiava, piava, cantarolava, para ninguém... para mim! para a vida!
Mudanças. Cidades. Muitas caixas. Caixas de lembranças que ficaram para trás. De amigos, de escolas, de casas. Caixas do nunca mais. Caixinhas dentro de outras caixas dos meus eus encaixotados. Caixas extraviadas. Caixas arregaçadas. Quanto peso para carregar na memória, quanta perda para suportar o coração. Quanto alívio o voo, a fuga!
Mudanças – do eterno devir – andanças.
A letra. O desenho. As leituras: começo de uma grande aventura.
Imagem, imaginação, viagem. O nascimento de um novo mundo, e este, do amor entre eu e o mundo. E então as cores, as formas, as palavras. Ah! quantas profundezas que saem do papel – poço sem fundo. Vi minha vaga imagem como num reflexo dentro do poço – e esta, também era sem fundo. Sem fundo e sem fundamentos. Carregava por vezes tormentos... Mas era bela, porque também era o Mundo!
Bebo e vivo da água deste poço, que gota a gota, inesgota minha insaciável sede de ser.
Foi do sexo entre o nascimento, a dor, a dança, o canto, a mudança, a letra e a leitura que pari a filosofia. E Desta, a poesia. Não haveria como dizer o indizível. Mas houve como cantá-lo. Como desenha-lo. Como esboça-lo, borrá-lo, esculpi-lo, inventá-lo. Não houve como pega-lo. Mas houve como sussurrá-lo.
Vozes
sexta-feira, dezembro 03, 2010
Perigos do filosofar
Balão Cativo
sábado, novembro 27, 2010
do Silêncio
quarta-feira, novembro 17, 2010
In-certezas
sexta-feira, novembro 12, 2010
A pressa...
Montanhas
ex nihilo
quinta-feira, novembro 04, 2010
Re-Criando
Aliviando
sexta-feira, outubro 29, 2010
Do haver avencas - para Caetano Veloso
Vi-Ver
quinta-feira, outubro 28, 2010
quarta-feira, outubro 27, 2010
quinta-feira, outubro 21, 2010
Tem razão
segunda-feira, setembro 27, 2010
Sonhar é preciso!
segunda-feira, setembro 20, 2010
quinta-feira, setembro 16, 2010
Mania de limpeza
Mal estar
Desformatado
Letra e beleza
Entrevado
terça-feira, setembro 14, 2010
domingo, setembro 05, 2010
Freier Geist II
sobre o Espírito Livre (Freier Geist)
sexta-feira, setembro 03, 2010
dia de descanso
Transfiguração da alteridade
sábado, agosto 28, 2010
Zelo
O horto
sexta-feira, agosto 27, 2010
Gotas
quarta-feira, agosto 25, 2010
Eu?
Uma graça
Vãs palavras
Sonhando
Oração
segunda-feira, agosto 23, 2010
sexta-feira, agosto 20, 2010
No trânsito
Presente
terça-feira, agosto 17, 2010
Ene A O Til
Escorpião
Nada II
domingo, agosto 15, 2010
Panta Rei
sexta-feira, agosto 13, 2010
Rio Tavares
E continua (inspirado em Clarice Lispector)
Segredo
quinta-feira, agosto 12, 2010
Filosofia para Crianças
Minha criança
Som
quarta-feira, agosto 04, 2010
domingo, agosto 01, 2010
Coração partido
Nada
Sem nexo
2?
terça-feira, julho 27, 2010
Poeisa de Graças!
segunda-feira, julho 26, 2010
E se...
domingo, julho 25, 2010
Segundo tempo
sábado, julho 24, 2010
Hoje
sexta-feira, julho 23, 2010
quinta-feira, julho 22, 2010
A mim
terça-feira, julho 20, 2010
Miséria
domingo, julho 11, 2010
Nós
sábado, julho 10, 2010
Sonho
quinta-feira, julho 01, 2010
Amor Fati
o amor pela vida
que eu transpire
o gosto de existir
não sem saber das dores
dos perigos
e das perdas
mas que com tudo que é a vida
eu ainda sinta amor
esperança e alegria
que eu a aprenda
me transforme
me surpreenda
que com as guerras
busque compreender
com as tristezas
queira aprender
com as decepções
tente entender
quero a vida como ela é
com seus riscos e gozos
quero me ser como sou
o que se fez
o que se transforma
o que restou
e o tudo que ficou
Não saberia
que ia chegar
onde cheguei
que as pedras em que eu topei
se transformariam
no que me tornei
não saberia viver
se não tivesse você
se não tivesse viver
não saberia você
não saberia dizer
quais os caminhos
por percorrer
que ia tão longe
tão fundo
me perder
não saberia viver
se não tivesse você
não saberia você
se não tivesse viver
Caminharia tão só
distante de mim
errante
falando sozinha
amante
do que não saberia
perder
terça-feira, junho 29, 2010
Perdição
atordoamentos
na tentativa de se enquadrar
se alinhar, se estabilizar
surgem tonturas
espasmos
sintomas de loucura
do gritante que há
que não tem forma
não segue linhas
nem possui chão
miserável é querer ser rico
ser isso ou aquilo
é querer vestir qualquer máscara útil
que garanta um espaço
ou status
nesse labirinto onipresente
muitos se perdem
se matam
adoecem
no baile de máscaras
ter que encontrar uma máscara
apenas no mercado da esquina
jamais num ateliê
ou fazê-la de barro
de sonhos, de pedaços
a máscara cai
e surge atrás
lágrimas de palhaço
segunda-feira, junho 21, 2010
Jaz
um estar
que me faz
mais
jaz
um lugar
que me traz
paz
jaz
um amor
que me
compraz
jaz
um som bom
que vem
do sax
jaz
uma música
chamada
jazz
sábado, junho 19, 2010
A criança minha
a criança que sonhamos
sem vícios, medos, bloqueios
que o riso fosse fácil
e o pensamento brinquedo
Fim de tarde
que de maio veio a junho
sinto a quente brisa
a outonal despedida
algo de melancolia
do inverno se aproximando
Sobre dar
ter que dar-me
aquilo que tu mesmo
não tens
Pois que do temer
o que talvez tivesses
já deixaria de tê-lo
e de merecer
Brinquedos
(pois assim sinto-me e quero-me)
Brinco com as coisas
que ao léu dos meus sonhos
são brinquedos:
um livro, um alimento,
uma vassoura, um argumento
dentro do meu sonho infantil
são brinquedos que me divertem
são castelos, construções,
histórias sem fim, nem começo
Velha Des-conhecida
quem me revela-me
a cada estranha reação
a cada inusitado pensamento
Conheço-me assim
como quem nunca se conhece
que a cada tentativa de aproximação
revela novas máscaras
Máscaras ou faces?
carnavalescas fantasias
multifacetando a mim mesma
Assim vou-me ensinando-me
que sou o que não sou
que sou o que não sei
e que talvez nunca saberei
Vou-me conhecendo-me nos esconderijos
nos por detrás
nos por debaixo
Levanto o véu de maia
e nada encontro que tenha forma
sou-me des-forme, des-conhecida, des-apropriada
Também sou o que não me espero
o que não me faz previsões
o que não me personifica
Sou e serei sempre essa minha velha desconhecida
que ora cá, por vezes lá
misteriosamente me surpreende
quarta-feira, junho 16, 2010
Será?
Ainda haverá entrega, bonança?
Haverá chance, mudança?
Seria possível recomeçar?
Seria possível reaprender a amar?
Poderá existir novos horizontes?
Novos caminhos, outras pontes?
Será?
quinta-feira, junho 10, 2010
A vida é bela! (olhe pela janela...)
e o dia passou a existir
os olhos se abriram
e eu passei a sorrir
o que eu vi
foi a vida tão bela
quanto pode ser
olhei pela janela
e percebi tudo crescer
flores sementes
pássaros gente
vi que tudo pode ser melhor
que o mundo pode ser maior
que eu e você
podemos ser um só
Vi que compreender
perdoar
tudo é aprender
aceitar
deixar ser
sexta-feira, junho 04, 2010
Navegar é preciso
assumi o meu remo
quero chegar ao outro lado
Conquistei o desapego
porque para cruzá-lo
Não se pode levar bagagens
Quis o risco
o caminho tortuoso
imprevisto
Não quero a estrada pronta
quero o rio
que sempre flui
Que nunca é o mesmo
eterno devir
desconhecidamente assustador
Maravilhosamente
libertador:
Sou eu quem navego!
Pacifico
desse barulho moral
distante do bem e do mal
do certo e do errado
do previsível
do esperado
Distantemente
do tribunal social
convenções...
pura invenções!
é mais adiante
mais distante
Um outro lugar
outra esfera existencial
fugindo da univocidade ditatorial
é do outro lado
na margem oposta
que está a paz espiritual
quarta-feira, maio 26, 2010
Tempo
é outro tempo:
É contratempo
Controverso
desconversa
converte
desinventa
Desencontro
contradito
tempo maldito
malvisto
imprevisto
cego
Tempo desordenado
ordenado às avessas
sem vestes
sem vez
vez ou outra
vai e vem
Vai com tudo
o que não tem
vai com pressa
sobre precipícios
onde não há volta
mas vestígios
Tempo perdido
nos ponteiros contados
contaminando
a noção do espaço
Passo a passo
passa a vida
passatempo
despedida
catavento
ventania
cataclisma
água viva
Cata o laço
cata o traço
tropeça
travestido
atravessa
o corpo
o conteúdo
traga tudo
que é mundo
Mudo.
Mudo.
sábado, maio 15, 2010
O Flamboyant
Esse algo que me inspira
É o que vejo pela minha janela:
Um enorme Flamboyant!
Flamejante Flamboyant
boiando pelos ares
galhos suspensos
transbordando serenidade
É ele quem me diz
sobre essa versátil-sempre-aberta-maneira:
ali no seu tronco mora um pica-pau
num buraco pequenino
Ali também vem re-pousar
aracuãs, gralhas azuis
e até urubus..
e luzes de natal
Ele é lindo
pura obra de arte divina
sempre aberto e pronto
para chuvas, ventanias, pássaros e até humanos...
Ventanias
quinta-feira, maio 13, 2010
Das Árvores
que bafora em meu rosto
após ventanias minuanas
de longos dias
A linguagem muda
que decifro nas árvores
é uma versátil-sempre-aberta-maneira
de ser e estar
A ventania bateu
e curvei-me até o chão
folhas e galhos arrancados foram fora
mas novamente estou aqui na espera
Na sempre espera do momento
carregado de tudo que foi e de tudo que será
na aprendizagem da mesma
versátil-sempre-aberta-maneira
Só sei... que nada sei
deixou de ser sabido
quando se soube
que nada saberia..
Aquilo que achava que sabia
Não era de nada sabido
Nem ao menos se soube
O que era sabedoria...
quinta-feira, abril 29, 2010
Dual
pela metade vou sendo
uma que acorda
e a outra que permanece em sonhos
uma que é carne
e a outra intangível
um algo que eu me sei
e algo outro tão estranho
um sem começo e um também sem fim
um estar ao meio
pela metade do caminho
sem saber se cá ou lá
direita ou esquerda
boa ou má
lúcida ou louca
uma lua pela metade
que desconhece seu lado escuro
e talvez aonde está sua luz-cidez...
que outra face
uma segunda pele
uma nuca desconhecidamente minha que me acompanha
um interno do qual só conheço o sangue
nunca o além
mas que tenho certeza que há
que está constantemente aqui
do qual só conheço este instante
presente e espacial:
sou dual
quinta-feira, abril 22, 2010
Mais sobre amor
aqueles que falam do amor
amor em suas infinitas formas e beleza
Pois o amor permeia tudo o que há
e fertiliza o coração dos humanos
Há o amor pela vida, pela natureza
pelas flores, e pelos rios
e há o amor dos amantes
o amor entre a família e os irmãos
mas há o amor ainda maior
o amor a tudo e a todos
o amor imanente
que irradia do grande centro gerador da vida
presente no ar, no sopro vital
presente em espírito
transcendental
Eis o amor capaz de unir
tornar todo o múltiplo em um só
E também o mais difícil
pois requer grande desapego
entrega
Eis o amor de que se falou
no velho Livro
e o maior ensinamento que recebemos
decodificado, inspirado divinamente
Um amor que requer dissolução do "eu"
do "meu", do "teu"
amor que atravessa as paredes, os muros,
as propriedades, as igrejas e as classes
Quem poderá conhecê-lo?...
terça-feira, abril 20, 2010
Sem mim, para você
para eu me perder
um chá, uma música
pensar em você
e eu já
não existo mais
segunda-feira, abril 19, 2010
Coroação
quarta-feira, abril 14, 2010
Em um tempo
No tempo em que eu me vi
eu não sabia o que eu era
eu era aluna
eu era professora
eu era desempregada
eu era desutilizada
eu era mãe
eu era esposa
eu era separada
eu era juntada
eu era filha
eu era orfã
eu pilotava carro
eu pilotava fogão
eu filosofava
eu limpava o chão
eu criava coisa
e me desconstruía a cada dia
habitava uma construção quadrada
com portas e janelas
usava calça feita de jeans
e um par de tênis
bebia café
e comia enlatados
mas também colhia frutas
e cheirava flores
via filas de carros
filas de gente
filas de ruas, casas
filas de livros e letras
via muros
e via estrelas
nesse tempo eu era algo
de individual
que a tudo se misturava
eu não sabia o que eu era
talvez porque eu não fosse
ou eu era
eu era nada!
(imagem: Salvador Dalí)
terça-feira, abril 13, 2010
Som, imagem e sabor
Quanta coisa despertou meu desejo
pelo nome que lhe era dado
e pelo meu imaginário
ao conhecer a coisa em si
e provar-lhe
um desapontamento
diante de algo
que não aguçara meus sentidos
nada de bom como eu via
nos olhos de quem dizia
Cat-chup foi uma delas
queria entender porque
se falava tanto sobre esse algo delicioso...
"Mãe, compra cat-chup?"
"mas, é isso cat-chup?"
Qual a metafísica do cat-chup?
O que há nele que eu não senti?
Apenas um nome? uma imagem?
Uma questão de mau gosto?
Quanto a linguagem nos ludibria
e quanto os sentidos nos revela!
(imagem: Edvard Munch)
segunda-feira, abril 12, 2010
Aquilo que há
quarta-feira, abril 07, 2010
Criar a Ação
Procuro algo dentro de mim
algo que me saia
de forma crua
sem muita arquitetura
sem enfeites e molduras
Muito vi do erudito
pouco do autêntico
O que trouxe novos estilos
trouxe-o porque criou
Onde está a perdida arte de criar?
Como aniquilar a falsa maquiagem
que traz por trás a cópia?
Será necessário parar de devorar cultura?
Aprender a ruminar?
Digerir?
Ruminar e digerir
a cultura alheia ou a mim mesmo?
Como tocarei este instrumento?
Como soltarei a voz?
Como pincelarei as tintas?
Como encaminharei os dedos?
a caneta?
Que céu quero contemplar:
o céu já visto e dito
ou o céu como ninguém viu,
ou talvez viu e não exprimiu?
E que sentimento quero cantar?
O das novelas, dos romances?
Ou esses inauditos
aqui calados
aqui refugiados?
Quero esse meu desconhecido
Quero esse teu desconhecido
Quero o nosso que é só nosso
Que é novo
por ser tão antigo...
(imagem: Wassily Kandinsky)
terça-feira, abril 06, 2010
Cultivo
Todos os dias
ou sempre que podia
olhava para o céu
para contemplar o brilho das estrelas...
tão belas
tão reluzentes
e tão distantes
queria cultivar estrelas
em seu jardim
trazer aquele brilho para perto de si
mas não havia como capturá-las...
nem com fotos
nem pinturas
ou poesias
eram apenas para ser contempladas
cansou de não possuí-las
decidiu cultivar flores
em seu jardim...
(imagem: Henri Matisse)
quarta-feira, março 31, 2010
Des-pretensão
São Paulo
terça-feira, março 30, 2010
Camélia
Camélia Camélia
Como tu és bela!
A lembrança das tuas cores
dos teus odores
são um verdadeiro consolo
para estes dias de outono
Ai Camélia
tuas pétalas tantas são
que beleza pro outono
que há em meu coração...
As folhas estão caindo
e o meu consolo és tu Camélia
a triste e doce lembrança
da minha Primavera
(imagem: Pablo Picasso)
segunda-feira, março 29, 2010
Logos
For
O que se foi
sexta-feira, março 26, 2010
Paradoxo
O impossível se apresenta
na impossibilidade humana
de acreditar nas possibilidades
A tristeza arrebata
o coração que não mais crê
Ao coração fiel
brilha ao fundo a esperança
mesmo diante de uma tristeza
que sempre provisória
A tristeza nos aprimora
é viva alquimia para a alma e o coração
Com as alegrias
sempre as dores
e com as dores
a alegria
Intrincável paradoxo
da nossa vida
(imagem: Salvador Dalí)
quarta-feira, março 24, 2010
Jazz
Como uma menina
ela brinca
sorri
esquece
se diverte
A brincadeira
é dançar
deixar fluir
ao som
no ar
Soltar o corpo
simples
com as notas
musicais
ao ritmo
instrumental
bateria
baixo
teclado
guitarra
sax
Deixa rolar
tanto faz
o momento
agora
com paz
e alegria
hoje é o dia
de viver
ser você
me ser
ao som
do Jazz
(imagem: Wassily Kandinsky)
Infância
Fragilidade
Dias frágeis
Que se quebram
Como cacos
Deixam-me aos pedaços
Com o coração apertado
Dias frágeis
Que tornam-me forte
Transparecendo as dores
As deixas
A morte
De onde renasço
Com novo semblante
Saio do ovo
Após sentir
A dor do parto
Dias frágeis
Mais que sentimentais
Realça o verde
Arregaça a dureza
Da pedra, do podre
Da áspera parede
Que há entre nós
(imagem: Pablo Picasso)
sexta-feira, março 19, 2010
quarta-feira, março 17, 2010
Sobre Odores
é considerado o melhor cheiro do mundo...
Também gosto muito do cheiro das flores
Do mar
Das plantas
Da terra
Mas para mim o melhor cheiro que há
É cheiro de filho!
quarta-feira, março 10, 2010
quinta-feira, março 04, 2010
Corporeidade
Sobre o Feio e o Belo
a roupa mais bela
Se quem a veste
belo não o for
Até a mais simples
das roupas
Bonita fica
Se a beleza
de quem a veste
se transpor
quarta-feira, março 03, 2010
Suli
Pôr do Sol
Uma trovoada
Relampejos em disparada
Cantando pela vida
Dia em noite
Noite em dia
Calor em frio
Frio em calor
Quanto sonho
Quanto despertar
Quanto ardor
Calafrios em versos
Amenas intempéries
Calavancos robustos
Que com a escrita fere
Isso tudo me inspira muito!
Antes
Bem antes que amanheça o dia
Antes do meio-dia
Que se dê as doze badaladas
Antes que pereça a noite
No mistério soturno da imensidão
Imersa nos delírios negros
Parte profunda da escuridão
Enquanto os astros reluzam
Pairando enfurecidamente em órbita
Mergulhamos no incandescente mistério
Da vida e da morte
Não há ciência ainda
Nem graves tecnologias
Há um vácuo profundo
Preenchendo todos os cantos com poeisa
Lugares cheios de nada
Tão repletos de ser
Tornados abstração infinita
Do vir-a-ser e perecer
segunda-feira, março 01, 2010
Um Coração
Sinto-me frágil e sensível
como a superfície de um lago...
Que tudo recebe,
que tudo percute
Que se comporta de acordo com as intempéries,
que se molda conforme o espaço,
que esquenta
e esfria
conjuntamente com o calor recebido,
que fica azul, rosa, preto,
reluzindo as cores do céu,
que se mantém vivificado com o cuidado
e adoece
com o descaso.
Sinto-me com um coração de gelatina
que ao toque desatina
que com o frio congela
e com o calor excessivo se derrete
Mole,
desajeitado,
vermelho
tudo isso guardado aqui
em meu peito
Como se fosse um vulcão
que com o carinho
entra em erupção
e com o esquecimento...
adormece em solidão.
Quem Sou?
e Tudo o que deixo de ser
Sou um pouco do meu pai,
um pouco da minha mãe,
e sou também parte de meus amigos
Sou uma criança
Mas também posso ser gente grande
Assim como sou uma mulher,
mas tenho um coração de menina
Sou triste por muitas vezes,
sem deixar de ser a alegria de viver
Sou também contente,
mas carrego a angústia da existência em meu peito
Sou tudo que já fiz,
e tudo que deixei de fazer
Sou o amor que recebo
e o amor que deixei de dar
Sou humana, sou galáctica,
mas também sou um animal
Sou mundana,
mas por vezes transcendental
Sou minhas palavras e sou o que escuto,
mas também sou o que calo
Sou filha e sou mãe
Sou inteligente
mas também sou ignorante com limitações
Sou livre
Mas vivo presa em meus pensamentos
Sou tudo isso,
e ainda assim percebo
que não sou nada...
domingo, fevereiro 28, 2010
100 Razão
Da ínfima matéria
do lápis à atmosfera
Tão grande flor desabrochar?
Como pode arder tanto em meu peito
Ao qual não tenho direito
Transcendente sentimento
Vir aqui se atracar?
Como é possível
Sobrevoando rios e barrancos
Matas, cidades, prantos
Tão distante pulsar?
Como pode
Qual chama acesa
Incandescente estrela
Tanto queimar?
Como pode ir e vir
E ainda resistir
Outono, verão, primavera
Toda estação perdurar?
Inexplicável é
Como o pairar dos astros
Tal qual o sopro de vida
Assim é...
Sem explicação
Não há razão
Ela que é tão pequena
Diante do coração
terça-feira, fevereiro 23, 2010
Mais do mesmo
Talvez nunca saberei
Visiono apenas frações
Fragmentos desse grande Ser
Ele é um pouco do vento que sopra
De um pássaro a voar
Um pôr do sol
Uma folha a rodopiar
Tem também na flor que desabrocha
Num sorriso sincero
No fogo, numa tocha
Naquilo que espero
Um arco-íris pode me dizer sobre ele
As ondas incessantes a ondular
O rio que corre, a lágrima que escorre
A profundidade de um olhar
Ele é aquele algo que não se denomina
Não se detém
Não se aprisiona
Nem se apropria
É livre
Leve
Lindo
E singelo
Como a flor
Como o pássaro
Como as águas
Como você
Fazendo Arte
Faço cálculos poéticos
Talvez desvendo mistérios
Ou, quem sabe,
Confundo impropérios
Teço uma colcha de retalhos
Ou um mosaico
De corações despedaçados
Não sou adivinha
Menos ainda matemática
Só um pouco artista
Tentando dar mais beleza
A esta vida
domingo, fevereiro 21, 2010
De Dentro do Ovo
Parar de olhar para o próprio umbigo
Óh! Quantos olhos a nos espiar!
É tudo tão mais vasto
Tão maior do que se imaginava
Tão vago
Incerto
Múltiplo
Tão diferente de si
Obstante do próprio espelho
Até mesmo assustador
Não há controle!!! (um grito de desespero se ouve)
Vejo feixes de luz
Por entre a casca do ovo
Que se rompe
Secreto
Enquanto dura
Quanto valha
Esta hora absurda
Em transformar o abstrato
Em concreto
O pensando
Em verso
Como um parto
Do invisível
Que sai das entranhas
E morre escorrido à terra
Proferido
Ganha-se vida
Para tão logo
Esvair-se aos ouvidos
Aos que ouçam
Que toque
Aos surdos
Lamentos
Que seja um segredo
Conquistado ao decifrar-se
sexta-feira, fevereiro 19, 2010
Poesia?
É necessidade
Não é perfume
É essência
Não é vaidade
É inverso
Poesia vem de uma vida filosófica
Que busca incessantemente o ser
E ainda não o encontrou
Poesia não é arma de sedução
É suspiro do seduzido
Não é artifício
Nem bengala
É forma de ver
É o próprio chão
Não vem de fora para dentro
Vem de dentro para fora
Não é passatempo
É a própria vida
Que passa
quarta-feira, fevereiro 17, 2010
E Agora?
A máscara caiu
A fantasia rasgou
Foram tantas máscaras e fantasias
Que já não se sabe mais
Qual a verdadeira face
Se já se soube algum dia...
Agora é hora
De voltar para a dura realidade
Todos os palhaços
Foram embora do salão
Se está sozinho novamente
A folia acabou
A grande festa a fantasia terminou
A realidade é muito mais sóbria
Onde estão os foliões?
Como disse Pessoa:
"Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge."
Cada um retornou ao seu mundo
Tão cruelmente individual
E o que sobrou?
Vãs fantasias...
Fugazes euforias...
Talvez esperar
Pelo próximo carnaval
sábado, fevereiro 13, 2010
Se Fosse
Como seria se fosse...
Se fosse
Seria como?
Como é
Como não é
Como não sei
Não sei se seria
Se fosse
Ah... Se fosse
Seria sem saber como
Como não saber se seria
Seria sem saber
Não saberia
Se fosse
Mas não é
E só fico a pensar
Como seria
Se fosse...
A Dança
Fecho os olhos
Deixo a música penetrar
Meu corpo
Meu passo
Quero apenas dançar
Esquecer
Todas as dores
Todas as partidas
Todas as dúvidas
Dançar
Como se mais nada existisse
Pelo menos agora
Difundir-me ao som
Sentir-me ao fundo
Integrada neste momento
Eterno
E eu apenas uma partícula a vibrar
Com as ondas sonoras
Que me convidam
Me levam
Me embalam
Na dança da vida
Bateu
Sinta o vento que bate
Não basta passar
Tem que bater
Agitam-se as folhas
As águas ondulam
Veja! é o vento
Que passa...
Que bate...
Mas não basta passar
Ele teve que bater
Nas folhas
Nas águas
em mim
terça-feira, fevereiro 02, 2010
Sobre Jogos
Que me desfaço
Caem
Arrancam
Mordem
Estraçalham
Estou sempre a me despedaçar
A deixar partir
Sem mãos para segurar
Apenas no coração devem estar
Se vai
Que vá
Se querem levar
Não vou brigar
Quero apenas
Aquilo que não se segura
Não se detém
Nem se possui
Quero a essência nua
De vaidades, jogos e trapaças...
quinta-feira, janeiro 28, 2010
Entre Mortos e Feridos
E magoada
Em meio ao tiroteio
Fui acertada
Paguei caro
Pelo que não era meu
Paguei com alegria
E lágrimas
Embaçado
Mas quase não dá para ver
De tanto que eles embaçam
Com essas gotas molhadas
Que saem sem eu querer
sábado, janeiro 23, 2010
Sobre idas e vindas
Que você tinha que ir
Que iria partir
Mas fiquei a sorrir
A esperar
A abrir
Meu coração
Porque eu sei
Que você sempre haverá de vir...
Por trás de tudo
Pouco escutei
Escutei muito mais o que não ouvi
Disparos intuitivos
Percepções atordoadas
De muito percebi
Aquilo que se escondia
Distantemente das palavras proferidas
Máscaras e fantasias
Teu rosto nu vislumbrei
Nesse dia chorei
Uma dor do intocado
Do não dito
Não falado
Disfarçado
Tentei me enganar
tentaram não mostrar
Cheguei a acreditar
Que era louca
Brincando de adivinhar
Mas era tu
Em tua beleza real
Sem regras e roupas
E prefiro ainda hoje acreditar
Não naquilo que me disseram, mas naquilo que vi
terça-feira, janeiro 19, 2010
segunda-feira, janeiro 18, 2010
Ociosa
O vazio
O medo
Do nada
Do vácuo
Do ócio...
Nego o ócio
Faço negócio
Que negócio?
Escrevo...
Escreve?
E eles dirão:
- Mas que ociosidade!
Sentido da poesia
Alguém me disse que a poesia precisa ter sentido, dizer coisas conexas, senão, não é poesia. O que é ter sentido? Que sentido é esse que s...
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Todo este deslize, instabilidade, multiplicidade. Todos estes tons, batons, brutalidade melódica dos sons. O que já fui, já fiz, es...
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As folhas caem Ás vezes deixo-as ao chão Ás vezes varro Mas elas sempre caem...
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As vezes é preciso odiar o seu interlocutor até a última consequência e deixar aflorar todos os sentimentos e argumentos é preciso se de...